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Erro judicial: Jovem é preso por pensão alimentícia mesmo sem ter filhos, e CNJ abre investigação

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu investigar o caso do vendedor Gustavo Lopes, de 20 anos, preso injustamente por uma suposta dívida de pensão alimentícia, mesmo sem ter filhos. O jovem passou mais de 24 horas encarcerado em uma cela com 22 detentos antes de ser liberado.

A Corregedoria Nacional de Justiça determinou a abertura de um procedimento administrativo para apurar a conduta dos magistrados responsáveis pela ordem de prisão.


CNJ reconhece erro e busca melhorias no sistema judicial

Em nota, o CNJ afirmou reconhecer a gravidade do caso e destacou a importância da audiência de custódia, mecanismo que possibilitou a correção do erro e a libertação de Gustavo.

O Conselho também apontou falhas recorrentes no sistema BNMP (Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões), que podem ter contribuído para a injustiça. Como resposta, a instituição estuda medidas para aprimorar os procedimentos adotados pelos tribunais e evitar que situações semelhantes ocorram no futuro.


Entenda o caso

Prisão inesperada

  • Gustavo foi preso em 28 de janeiro, em casa, em Taguatinga (DF), sob a acusação de não pagar pensão alimentícia.
  • Mesmo apresentando provas de que não tem filhos, ele foi levado à delegacia e mantido preso.
  • Sua família não foi informada pela Justiça ou pela polícia sobre a prisão.

A luta da família para libertá-lo

  • A mãe do jovem, Jane Santana, de 60 anos, teve que fazer um empréstimo para contratar um advogado.
  • O advogado Marco Barbosa descobriu que o processo teve início em São Paulo, no ano de 2017, quando Gustavo ainda tinha 12 anos.
  • O mandado de prisão, porém, foi expedido recentemente pela Justiça de Minas Gerais.
  • Gustavo foi solto somente na manhã de 29 de fevereiro, após audiência de custódia, mas precisou esperar mais algumas horas até que o alvará de soltura fosse emitido.

Jovem desabafa sobre prisão injusta

Após recuperar a liberdade, Gustavo expressou sua revolta com o que aconteceu:

“Eu dividi cela com 22 detentos. É muito ruim ser preso sem ter feito nada de errado. Não tinha por que eu estar lá.”

O jovem também contou sobre o momento da prisão:

“Os policiais chegaram falando que havia um mandado de prisão contra mim por não pagamento de pensão. Eu questionei e disse que não tenho filhos, mas mesmo assim fui levado.”

Na cadeia, Gustavo, o mais novo entre os detentos, conviveu com homens entre 25 e 60 anos.


Erro ou fraude? Advogado busca explicações

A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) detectou a falha judicial. Gustavo destacou a incoerência do processo:

“Se o processo começou em 2017, eu teria que estar devendo pensão desde 2016, quando eu tinha 11 anos. Não faz sentido.”

O advogado da família apontou outra irregularidade:

  • O mandado de prisão foi emitido pela Vara de Execução de Minas Gerais, na cidade de Igarapé.
  • No entanto, ao buscar o processo, verificou-se que ele não estava na Justiça mineira, mas sim em São Paulo.

Ainda não está claro por que o processo migrou entre estados e acabou levando à prisão de Gustavo no Distrito Federal. O advogado continuará investigando se houve erro no sistema judicial ou até mesmo uma possível fraude.

A família pretende processar o Estado e buscar indenização pelo erro que levou à prisão injusta do jovem.

Veja a matéria original em: Metrópoles

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