Saiba mais sobre Los Lobos, a segunda gangue mais perigosa do Equador
O Equador vive uma onda de violência, incluindo atendados com bombas, sequestros de policiais e a invasão por homens armados a uma rede de televisão.
As ações e confrontos com grupos criminosos levaram o presidente Daniel Noboa a declarar que o país está em um “conflito armado interno” e a ordenar às Forças Armadas que realizem operações militares para “neutralizar” grupos identificados como terroristas.
Além dos ataques violentos, várias fugas de prisões foram relatadas. Um dos criminosos que fugiu é Fabricio Colón Pico, conhecido como “Capitán Pico”, suposto líder da gangue Los Lobos. Ele escapou da prisão de Riobamba, segundo o prefeito da cidade, Jhon Vinueza.
Dias atrás, Pico havia sido identificado publicamente pela promotora do Equador, Diana Salazar, como suspeito de participar de plano para atacá-la. Na tarde de quarta-feira, a Procuradoria do Equador solicitou uma audiência para formular as acusações contra o “Capitão Pico”.
Colón Pico foi preso no dia 5 de janeiro, em Quito, com ordem de prisão preventiva que cumpria no presídio da cidade de Riobamba por suposta participação no crime de sequestro, conforme confirmado pelo Ministério Público.
Junto com Colón Pico, outros 38 presos escaparam, dos quais 12 foram recapturados, disse à CNN o Serviço Nacional de Atenção Integral aos Adultos Privados de Liberdade (SNAI).
Segundo a Polícia, ele enfrenta cerca de 20 processos por vários crimes, incluindo: crime organizado, associação ilícita, posse de armas de fogo não autorizadas, roubo qualificado, organização ou financiamento para a produção e tráfico de substâncias inventariadas sujeitas a controle, intimidação e tráfico de armas.
As autoridades estão oferecendo uma recompensa por informações que levem ao seu paradeiro.
Quem são Los Lobos, a gangue criminosa do “Capitán Pico”?
A Los Lobos surgiu como dissidente do grupo criminoso Los Choneros e se tornou a segunda organização criminosa mais importante do Equador, com quase 8 mil membros, segundo o centro de investigação criminal Insight Crime.
Desde 2021, o grupo supostamente cometeu vários episódios violentos nas prisões equatorianas e desempenhou um papel de liderança na escalada na violência no país.
A principal característica de Los Lobos, segundo a fonte, é que estão no comando de uma federação de pequenas gangues, que inclui os Tiguerones e os Chone Killers, como resultado do enfraquecimento da gangue Los Choneros.
Los Lobos e seus aliados são frequentemente identificados como importadores de táticas criminosas que o Equador raramente viu, pontua Insight Crime, como massacres brutais em prisões, normalização de assassinos, uso de carros-bomba, ataques em massa à polícia e exibição de cadáveres enforcados em pontes como mensagens da máfia.
Essa suposta federação permitiu a Los Lobos enfrentar Los Choneros e, segundo a Insight Crime. Além disso, o grupo têm “ligações não comprovadas” com o Cartel Mexicano Jalisco Nueva Generación e a Frente Colombiana 48.
Segundo o portal Primicias, citado pela mesma fonte, a principal atividade criminosa de Los Lobos é o transporte de cocaína colombiana para os Estados Unidos e para a Europa.
Sua principal fonte de renda está concentrada nesta atividade, pois quase um terço da cocaína colombiana sai da América do Sul pelos portos equatorianos, segundo a Insight Crime.
No entanto, no final de 2022, as autoridades descobriram laboratórios de processamento de cocaína, o que poderia indicar a evolução de gangues como Los Lobos – e também dos seus rivais, Los Choneros – para o status de “microcartéis”.
A Insight Crime também atribui a Los Lobos atividades relacionadas ao negócio de mineração ilegal, cobrando pelos minerais extraídos de uma mina de ouro que controla na província de Imbabura.
Uma vez coordenados, Los Lobos e essas pequenas gangues ficaram conhecidas como Nova Geração, em referência à suposta ligação com o cartel mexicano.
Sua base de operações está nas cidades de Latacunga, Cuenca e Machala, além das penitenciárias do país, segundo a Insight Crime.
Los Lobos é uma das gangues equatorianas que contribuiu para aumentar a participação do Equador no tráfico de cocaína, segundo as autoridades.
Crise no Equador
A onda de violência no Equador se intensificou após o líder do grupo criminoso Los Choneros fugir de uma prisão em Guayaquil, no domingo (7). Um dia depois, o presidente Daniel Noboa decretou estado de emergência no país.
Na tarde de terça-feira (9), um grupo de homens encapuzados e armados invadiu as instalações do canal TC Televisión, de Guayaquil.
O crime foi capturado pela transmissão ao vivo, que mostrou funcionários sendo obrigados a se deitarem no chão. Foi possível ouvir tiros e gritos. Em operação para libertar os funcionários, a polícia prendeu 13 pessoas e apreendeu armas e explosivos.
Ainda na noite de terça, o presidente Daniel Noboa decretou a existência de um “conflito armado interno” no país e instituiu que sejam feitas operações pelas forças de segurança para neutralizar os criminosos.
No texto do decreto, o governo também qualifica como “terroristas e atores não estatais beligerantes” 22 grupos do crime organizado.
Segundo o governo do Equador, mais de 170 agentes penitenciários e outros funcionários são mantidos como reféns por detentos em ao menos cinco prisões do país.
Além disso, diversos ataques e explosões foram registrados, e centenas de pessoas foram detidas.
*com informações de Sebastián Jiménez Valencia, Germán Padinger, Stefano Pozzebon, Ana María Cañizares, Germán Padinger e Karol Suárez, da CNN
Este conteúdo foi criado originalmente em espanhol.